— Lu? O leite... — Luisa disse entrando com a mamadeira na mão,Arthur adiantou-se e a
pegou. Ela o agradeceu e voltou a sair do quarto.
pegou. Ela o agradeceu e voltou a sair do quarto.
Arthur acompanhou Lua que havia sentado na ponta da cama e entregou a ela o objeto com
leite.
leite.
— Obrigado. — ela sussurrou sorrindo.
— Ela é... Ela tem... — ele tentava dizer algo, mas estava confuso demais para formular qualquer
frase descente.
— Ela é uma garotinha muito especial... — ela murmurava sorridente para o bebê enquanto colocava
o bico da mamadeira com cuidado em sua boca. — Ela demora para mamar. O tônus muscular de um
bebê com síndrome de down é menor e torna a sucção insuficiente. — ela falou ainda sem olhá-lo e
voltou a dar atenção a Marcela — Mas estamos indo bem, não estamos?
— Ela é... Ela tem... — ele tentava dizer algo, mas estava confuso demais para formular qualquer
frase descente.
— Ela é uma garotinha muito especial... — ela murmurava sorridente para o bebê enquanto colocava
o bico da mamadeira com cuidado em sua boca. — Ela demora para mamar. O tônus muscular de um
bebê com síndrome de down é menor e torna a sucção insuficiente. — ela falou ainda sem olhá-lo e
voltou a dar atenção a Marcela — Mas estamos indo bem, não estamos?
— Lua... Ela é... Sua filha? — Arthur gaguejou.
Ela o olhou com os olhos cristalinos e um sorriso sincero nos lábios.
— Bem, é assim que eu a vejo. — ela suspirou e ajeitou-se na cama para começar a contar sua
história — Eu fui babá de um garotinho por dois anos. O nome dele era Felipe.A família era
rica, e ele era o garotão do papai e o bebezinho da mamãe... Bom, você sabe como é, filho único.
Felipe tinha a idade de Julia quando foi atropelado enquanto atravessava a rua voltando da
escolinha. Ele ficou em coma durante um mês, sua mãe ficou arrasada. No final desse “um mês”,
os médicos disseram a seus pais, que ele estava vivendo pelas máquinas e que não tinha chances
de acordar. Não tiveram opção se não desligar as máquinas e deixar que o garotinho parasse de
sofrer. — ela parou por um instante ao ouvir um suspiro pesado de Arthur ao seu lado e
continuou.
história — Eu fui babá de um garotinho por dois anos. O nome dele era Felipe.A família era
rica, e ele era o garotão do papai e o bebezinho da mamãe... Bom, você sabe como é, filho único.
Felipe tinha a idade de Julia quando foi atropelado enquanto atravessava a rua voltando da
escolinha. Ele ficou em coma durante um mês, sua mãe ficou arrasada. No final desse “um mês”,
os médicos disseram a seus pais, que ele estava vivendo pelas máquinas e que não tinha chances
de acordar. Não tiveram opção se não desligar as máquinas e deixar que o garotinho parasse de
sofrer. — ela parou por um instante ao ouvir um suspiro pesado de Arthur ao seu lado e
continuou.
“Em janeiro do ano passado a mãe engravidou novamente. Eles estavam tão felizes! Ela me pediu
para que eu ficasse lá e a ajudasse durante a gravidez, pois precisava de alguém com ela...
para que eu ficasse lá e a ajudasse durante a gravidez, pois precisava de alguém com ela...
“...Quando completou seis meses, Louise, a mãe, teve alguns problemas e depois de fazer um
exame especifico descobriu que sua garotinha tinha síndrome de down. Ela e o marido ficaram tão
deprimidos, sem saber o que fazer. Claudio, seu marido, sugeriu um aborto. Pensara a favor de
exame especifico descobriu que sua garotinha tinha síndrome de down. Ela e o marido ficaram tão
deprimidos, sem saber o que fazer. Claudio, seu marido, sugeriu um aborto. Pensara a favor de
bebê, que não seria justo com a criança deixá-la nascer doente. Mas, já era tarde demais para
fazê-lo. Com oito meses eles se decidiram e me chamaram no escritório. Perguntaram o que eu
achava de ser mãe... Perguntaram se eu aceitaria Marcela. Claudio disse que Louise não estava
preparada emocionalmente para isso, com a morte de seu garotinho e tudo mais. O que eu podia
dizer? Eu já vi esses abrigos Arthur e... Seria cruel deixá-la em um desses lugares. Eu
ainda estava indecisa quando ela nasceu, mas ainda assim já fomos adiantando a papelada. Minha
mãe disse que eu estava perdendo o juízo, que eu não tinha condições de cuidar de uma criança.
— pausa — Você está bem? — perguntou ao notá-lo estático.
fazê-lo. Com oito meses eles se decidiram e me chamaram no escritório. Perguntaram o que eu
achava de ser mãe... Perguntaram se eu aceitaria Marcela. Claudio disse que Louise não estava
preparada emocionalmente para isso, com a morte de seu garotinho e tudo mais. O que eu podia
dizer? Eu já vi esses abrigos Arthur e... Seria cruel deixá-la em um desses lugares. Eu
ainda estava indecisa quando ela nasceu, mas ainda assim já fomos adiantando a papelada. Minha
mãe disse que eu estava perdendo o juízo, que eu não tinha condições de cuidar de uma criança.
— pausa — Você está bem? — perguntou ao notá-lo estático.
— Sim, por favor, continue.
— Mas, quando Marcela nasceu, seus pais a rejeitaram completamente. Ela foi para o berçário e eu
estava ali, grudada no vidro esperando por ela. Foi amor a primeira vista. É claro que as
evidencias estavam ali. As orelhas abaixo a linha dos olhos, as palmas das mãozinhas achatadas,
os olhos... No entanto ela era e é completamente normal para mim. Entende? Quando a peguei nos
braços pela primeira vez eu soube que o destino havia reservado isso para mim... Para nós.
Estávamos destinadas uma para a outra. E não há quem diga que ela não é minha filha. Porque,
Louise pode ter dado a ela a vida... Mas deu também a rejeição. Eu dou a ela amor, carinho,
proteção... E depois de tudo isso, depois de eu estar muito perto de adotá-la legalmente o
marido dela tem a cara de pau de aparecer aqui e dizer que a esposa quer conhecer a filha, que
ela mudou de idéia... Eu sou a mãe dela Arthur.
estava ali, grudada no vidro esperando por ela. Foi amor a primeira vista. É claro que as
evidencias estavam ali. As orelhas abaixo a linha dos olhos, as palmas das mãozinhas achatadas,
os olhos... No entanto ela era e é completamente normal para mim. Entende? Quando a peguei nos
braços pela primeira vez eu soube que o destino havia reservado isso para mim... Para nós.
Estávamos destinadas uma para a outra. E não há quem diga que ela não é minha filha. Porque,
Louise pode ter dado a ela a vida... Mas deu também a rejeição. Eu dou a ela amor, carinho,
proteção... E depois de tudo isso, depois de eu estar muito perto de adotá-la legalmente o
marido dela tem a cara de pau de aparecer aqui e dizer que a esposa quer conhecer a filha, que
ela mudou de idéia... Eu sou a mãe dela Arthur.
Ele acariciou sua bochecha, tratando de limpar a lágrima teimosa que escorria por ele. E beijou
sua testa carinhosamente.
sua testa carinhosamente.
— É claro que é. Não vou deixá-la que ninguém a tire de você Lua, eu prometo. — ela sorriu em
meio às lágrimas e sentiu-se realmente segura depois de tanto tempo. — Posso? — Arthur
perguntou estendendo as mãos para Marcela.
— É claro. — Lua tirou colocou a mamadeira em cima da cama e levantou-se erguendo o corpinho
de Marcela — Ela precisa arrotar.
— Acho que ainda sei como fazer isso.
meio às lágrimas e sentiu-se realmente segura depois de tanto tempo. — Posso? — Arthur
perguntou estendendo as mãos para Marcela.
— É claro. — Lua tirou colocou a mamadeira em cima da cama e levantou-se erguendo o corpinho
de Marcela — Ela precisa arrotar.
— Acho que ainda sei como fazer isso.
E com certeza sabia. Lua colocou a fralda sobre seu ombro e entregou a menina.Arthur a
segurou com muita habilidade com o corpinho em pé e a encostou em seu ombro fazendo movimentos
circulares em suas costinhas.
segurou com muita habilidade com o corpinho em pé e a encostou em seu ombro fazendo movimentos
circulares em suas costinhas.
— É como andar de bicicleta, não é? — ela perguntou rindo — Nunca se esquece... — um sorriso
tristonho apareceu em seus lábios então. Medo. — Não quero que a tirem de mim,Thur...
— Vamos conseguir um bom advogado. O melhor. Mas, ninguém vai tirá-la de você Lua... Eu
prometo.
tristonho apareceu em seus lábios então. Medo. — Não quero que a tirem de mim,Thur...
— Vamos conseguir um bom advogado. O melhor. Mas, ninguém vai tirá-la de você Lua... Eu
prometo.
— A senhora tem certeza de que agüenta ficar com Julia a tarde toda,Luisa? — Arthur
perguntou com receio.
— Claro que agüento.Julia vai se comportar, não vai meu bem? — a menina apenas assentiu a
cabeça com a boca cheia de biscoitos.
— Estamos prontas.
perguntou com receio.
— Claro que agüento.Julia vai se comportar, não vai meu bem? — a menina apenas assentiu a
cabeça com a boca cheia de biscoitos.
— Estamos prontas.
Lua saiu do quarto segurando Marcela no colo com um vestido rosa e os sapatinhos brancos. No
ombro havia uma bolsa enorme da mesma cor que o vestido do bebê.Arthur prontamente foi
até ela e pegou a bolsa pendurando em seu próprio ombro.
ombro havia uma bolsa enorme da mesma cor que o vestido do bebê.Arthur prontamente foi
até ela e pegou a bolsa pendurando em seu próprio ombro.
— Julia... — o pai a chamou com a voz séria — Comporte-se! E não enlouqueça a Luisa, estamos
entendidos?
— Papai! — a menina exclamou pegando mais um biscoito do prato — Assim você me ofende. Eu sou um
anjo. Diga a ele que eu sou um anjo vovó Luisa. — ele até mesmo tentou segurar o sorriso que
ameaçou aparecer em seus lábios, mas aquela criança era impossível!
— Claro anjo... Pare de comer assim. Vai passar mal. — ele riu mais uma vez meneando a cabeça e
foi até ela dando-lhe um beijo na testa — Voltamos mais tarde.
entendidos?
— Papai! — a menina exclamou pegando mais um biscoito do prato — Assim você me ofende. Eu sou um
anjo. Diga a ele que eu sou um anjo vovó Luisa. — ele até mesmo tentou segurar o sorriso que
ameaçou aparecer em seus lábios, mas aquela criança era impossível!
— Claro anjo... Pare de comer assim. Vai passar mal. — ele riu mais uma vez meneando a cabeça e
foi até ela dando-lhe um beijo na testa — Voltamos mais tarde.
Lua foi até Julia e abaixou-se para que ela pudesse dar um beijinho em Marcela. Murmurou mais
um “comporte-se” e saiu de casa com Arthur.
Depois de muita insistência,Arthur finalmente conseguira convencer Lua a trocar o
pediatra de Marcela.Lua era daquela tipo de mulher completamente independente, orgulhosa, mas
por se tratar de sua filha adotiva ela fazia tudo.
um “comporte-se” e saiu de casa com Arthur.
Depois de muita insistência,Arthur finalmente conseguira convencer Lua a trocar o
pediatra de Marcela.Lua era daquela tipo de mulher completamente independente, orgulhosa, mas
por se tratar de sua filha adotiva ela fazia tudo.
— O que é isso? — ela perguntou ao vê-lo tirar algo do porta-malas quando desceram do carro.
— Ah, é o carrinho de Julia. Guardamos todas as coisas de bebê no porão... Sabia que um dia
seria útil.
— Ah, é o carrinho de Julia. Guardamos todas as coisas de bebê no porão... Sabia que um dia
seria útil.
Lua sorriu e levou Marcela até lá a colocando no carrinho e apertando o cinto de segurança.
Athur envolveu um braço em sua cintura e as acompanhou até o consultório médico.
Athur envolveu um braço em sua cintura e as acompanhou até o consultório médico.
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