quinta-feira, 24 de maio de 2012

Onze- Antes do esperado

“ Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo.” (José Saramago)


Lua e Arthur foram pra casa, esta estava melhor e eles dormiam com tranqüilidade. Porém Lua acorda no meio da noite chamando Arthur desesperada

- Arthurr... ARTHURR ! – ela chamava e Arthur acordou assustado

- O que foi? Tá passando mal? O bebê vai nascer? – Arthur perguntava desesperado

- Calma, Arthur. Nós estamos bem – disse Lua passando a mão na barriga

- Ufa, você me assustou...mas o que foi então? – disse Arthur aliviado

- Thu, to com desejo de comer pastel de queijo com doce de leite – disse Lua lambendo os lábios


- Pastel de queijo com doce de leite? Arg.. que nojo! – disse Arthur fazendo careta

- Mas eu to com desejo, Arthur – disse Lua fazendo bico

- Mas são 2hrs da manhã, Lua. Onde eu vou achar isso? – perguntou Arthur 

- Não sei, se vira. Não quer que seu filho nasça com cara de pastel, né? E o pior que rima com Rafael, cara de pastel – disse Lua emburrada

- Tá bem, Lua. Eu vou procurar esse bendito pastel – disse Arthur levantando enquanto Lua dava pulinhos e um selinho em Arthur

Arthur saiu de casa pegou o carro e foi procurando uma loja de pasteis aberta, andou um...dois..três quarteirões e nada. Quanto mais andava mais lojas fechadas via. Até que viu um botequim aberto com alguns caras bebendo, encostou o carro e foi até lá.


- Com licença, aqui vende pastel frito? – perguntou Arthur ao adentrar o lugar

- Ora, Ora... um mauricinho de marca maior, aqui não vendemos pastel não, mas tem cachaça, cerveja e outras coisas

- Então não serve, obrigada. – mas quando Arthur ia sair um brutamontes para na frente dele e o outro fala

- Não acha que vai sair daqui assim, não é? – disse o cara

- Porque não? – Arthur estava assustado

- Pode passando, celular, carteira, tudo de valor – disse o cara


- Pelo amor de Deus, minha mulher ta grávida em casa e preciso conseguir pastel de queijo com doce de leite. – disse Arthur desesperado

- Problema seu. Passa – disse o cara e Arthur passou tudo de valor que tinha em seus bolsos e depois perguntou

- Posso ir? 

- Pode, mas antes uma coisinha – assim que terminou de dizer o cara deu um soco na cara de Arthur


- Porque isso? – perguntou Arthur colocando as mãos no rosto por causa da dor

- Porque eu quis, agora saia daqui antes que eu mude de idéia e te espanque – disse o cara e Arthur saiu de lá o mais rápido que pode, mas só pensava em Lua .. como ele ira comprar o pastel sem dinheiro?

Ao entrar no carro ele fuçou tudo a procura de algum dinheiro, revirou o carro inteiro e no porta luvas achou um maço com duas notas de vinte e uma de dez. Ótimo, algum dinheiro pensou. Deu a partida e começou a procura novamente, rodou, e rodou até que viu uma lanchonete que estava fechando, correu até lá.

- Moço, o senhor já fechou? – perguntou Arthur esperançoso


- Já sim filho – disse o moço

- Que droga, e agora? – disse Arthur irritado

- Mas eu posso te ajudar em alguma coisa, meu filho? – perguntou o moço solidário

- Poderia , é que a minha mulher ta grávida e com desejo de comer pastel de queijo com doce de leite e ela disse que se eu não comprar o meu filho de pastel e o pior de tudo o nome dele vai ser Rafael! Ai to rodando a um tempão fui assaltado, levei um olho roxo e não sei mais de nada – disse Arthur num fôlego só

- Calma, meu filho posso fritar alguns pasteis pra você e eu tenho doce de leite ai você leva – disse o moço gentil


- Muito obrigado, moço. Muito obrigado mesmo! – disse o Arthur abraçando o moço feliz

- Bem eu vou lá fazer pra você, me espera uns minutinhos – disse o moço entrando

Arthur esperou uns minutos e depois o moço volta com uma sacola com alguns pasteis e um pote de doce de leite.

- Deu quanto moço? – perguntou Arthur

- Vinte reais, querido – disse o moço

- Aqui e fica com o troco – disse Arthur dando uma nota de vinte e uma de dez e saindo em direção ao carro.


Ao chegar em casa Arthur foi direto mostrar a Lua o que havia conseguido ela estava ansiosa na cama a espera de Arthur

- Nossa, demorou Arthur.... – começou a dizer Lua mas ao ver o rosto de Arthur desesperou-se – MAS O QUE ACONTECEU COM VOCÊ?

- Calma, amor. Não fica nervosa, faz mal pro bebê – disse Arthur calmo

- Ficar calma como? Você está com o olho inchado! – disse Lua desesperada


- Foram só uns assaltantes ... – disse Arthur pra não deixá-la nervosa, mas conseguiu exatamente o contrário

- ASSALTANTES ?? Você foi assaltado?? Só pra ir comprar uns pasteis ?? – perguntou Lua nervosa

- Não é fácil sair as 2 horas da madrugada pra achar pastel de queijo com doce de leite! – disse Arthur irritado


- Tá, ThuThu. Vamos cuidar dos seus machucados, mas antes... trouxe o que te pedi? – perguntou Lua ansiosa

- Trouxe, né. Toma – disse Arthur dando a sacola a ela e vendo os olhos dela brilharem como uma criança que vê um doce pela primeira vez. Ela pegou os pastéis da mão dele e praticamente os devorou

- Tá gostoso? – perguntou Arthur se divertindo em vê-la toda lambuzada de doce de leite

- Uhum – disse Lua comendo com uma vontade incrível


- Não vai me oferecer? – perguntou Arthur se fingindo de chateado

- Não – respondeu ela olhando pra ele e voltando a comer

- Porque? Nem um pedacinho? – perguntou Arthur fazendo bico

- Eu sou uma mulher grávida e cheia de desejo, e não te dou – disse Lua

- Só disso que você tem desejo? – perguntou Arthur malicioso


- Nem vem, Arthur. Você sabe que não pode, então nem começa porque a gente não vai conseguir parar – disse Lua se levantando e jogando fora a sacola em que estava os pasteis

- Mas nem um tiquinho? – perguntou Arthur fazendo bico

- Que tipo de tiquinho? – perguntou Lua não resistindo

- Uns beijinhos – disse Arthur com cara de pidão


- Um beijo, pode – disse Lua sorrindo enquanto Arthur a abraçava com dificuldade por causa da barriga e a beijava calmamente, só que esse calmamente não durou muito logo o beijo foi se intensificando, os corpos já estavam colados e o membro de Arthur um pouco alto, foi quando eles se separaram ofegantes

- Sabe, Arthur eu to com sono. – disse Lua bocejando – Acho que vou dormir

- Como assim, dormir? – perguntou Arthur vendo ela se virar na cama e fechar os olhos

- Lua, você vai me deixar assim mais uma vez? – perguntou Arthur, mas Lua não respondia já estava num sono profundo


- Ah, Lua vai ter troco. Espera o bebê nascer que você vai se ver comigo – disse Arthur irritado e saindo em direção ao banheiro se aliviar. E Lua, continuava dormindo como um anjo.

Eram 7 horas da manhã, e Lua acordou cutucando Arthur.

-Arthur... acho que eu to com um pouco de dor – disse Lua respirando fundo

- Ãn? Como? – dizia Arthur sonolento


- To com uma dor, Arthur. Forte na barriga – disse Lua colocando a mão no barrigão

- Mas Lua você não fez nem oito meses – disse Arthur ficando preocupado

- Arthur, acho que a bolsa estourou. O bebê vai nascer assim mesmo. – disse Lua vendo um líquido escorrer pela suas pernas

- AHH, meu Deus! Vai nascer? O que eu faço? Não to preparado pra isso – disse Arthur levantando desesperado e andando em círculos


- Eu te digo o que você faz. Pega a bolsa com as coisas do bebê, muda de roupa, pega o carro e me LEVA PRA UM MÉDICO – disse Lua desesperada dando um grito de dor

- Tá bom – disse Arthur pegando as coisas rapidamente e levando Lua pro carro

- As contrações estão ficando mais rápidas, vai nascer a qualquer momento – disse Lua no carro

- O bebê vai nascer no carro? – perguntou Arthur assustado


- Se você for rápido não – disse Lua respirando fundo

Ao chegar no hospital, Lua foi levada direto pra sala de parto, Arthur ligou pra Mel e pra Chay, que não estava de plantão no dia. A demora era agonizante, e Arthur tava quase tendo um enfarte de tão nervoso.

- Meu Deus, porque demora tanto? – se perguntava Arthur

- Arthur, já nasceu? – perguntava Mel que acabava de chegar


- Não e eu não sei o porque de tanta demora – disse Arthur andando de um lado pro outro

- Calma, Arthur. Já já, vamos ter alguma noticia – disse Mel

Um doutor acabava de chegar e perguntou a Arthur, Mel e outros pacientes que estavam na sala

- Quem está aqui com Lua Blanco Aguiar?



- Sou eu doutor – respondeu Arthur imediatamente

- Você é o que da moça? – perguntou o Doutor

- Marido – respondeu Arthur rapidamente

- Bom, a criança nasceu. É um lindo menino, só que por ter nascido antes do tempo ficará umas semanas na incubadora tomando banho de luz. – disse o Doutor

- Graças a Deus! – disse Arthur sorrindo de felicidade a abraçando Mel – E a Lua?

- Bem, a Lua está em coma – disse o Doutor e o sorriso de Arthur murchou na hora

- Como? – disse Arthur não acreditando

- Sinto muito, Senhor. Mas ela teve uma complicação, achamos que ela não iria resistir, mas está de coma. Já consideramos isso como uma vitória – disse o Doutor

- Vitória ? A minha mulher está de coma? Em quanto tempo ela pode acordar? – Arthur irritado com as lágrimas insistentes que caiam sobre sua face


- No coma ela ainda tem chance de viver, e ela esta viva. Se continuará por muito tempo, não sabemos. Ela pode ficar em coma, dias, meses e até anos. Ela pode acordar hoje e também pode não acordar nunca mais, sinto muito – disse o médico saindo e Arthur desesperou-se. Sentou na cadeira da sala de espera com as mãos na cabeça chorando feito criança. Mel sentou-se do seu lado e o abraçou chorando como sinal de apoio

- Mel, e se ela não acordar mais? – disse Arthur em meio a lágrimas

- É claro que ela vai acordar Arthur, não pense no pior – disse Mel o consolando

- Isso é tudo culpa dessa criança, ele que arruinou a minha Lua – disse Arthur furioso e chorando igual a criança


- Lógico que não, Arthur! Como você fala uma coisa dessas? A criança não tem nada a ver com isso, foi uma fatalidade! – disse Mel assustada

- A culpa é dele, se ela não tivesse ficado grávida não teria ficado em coma, se ela morrer... eu vou junto com ela – disse Arthur totalmente fora de si

- Arthur não fala isso! Você está nervoso, eu entendo. Mas por favor, Lua não gostaria de te ver falando assim... – disse Mel enquanto ele encostava a cabeça no ombro dela, chorando muito

- Preciso vê-la, Mel... – disse Arthur se levantando


- Não quer ver o bebê primeiro? – perguntou Mel

- Não, hoje não. Só preciso ver a minha Lua. – disse Arthur indo junto com Mel falar com a enfermeira

- Com licença, sou o marido de Lua Blanco Aguiar e queria por favor vê-la. – disse Arthur limpando as suas lágrimas

- Claro, senhor. Vou liberar a sua entrada, me acompanhe – disse a enfermeira guiando Arthur até um quarto onde se encontrava Lua em uma cama cheia de aparelhos, a cabeleira loira e o rosto inconsciente, mesmo naquela situação ela continuava linda, deu uma dor no coração de Arthur vê-la naquele estado.

- Meu amor... não me abandona. Não abandone ele – disse Arthur no ouvido de Lua enquanto fazia carinho no cabelo dela

- Eu sei que você me ouve eu sinto – dizia ele no ouvido dela suavemente, no fundo ele tinha esperanças que ela acordasse a qualquer momento e dissesse que foi só um susto e que o amava, ou aparecessem câmeras dizendo que era uma pegadinha. Mas isso não aconteceu, a realidade era dura, fria e cruel. Ele preferia sonhar.

Aquela mesma cena do primeiro dia de coma dela, se repetia meses a fio. Já havia se passado um mês em que Lua estava em coma e nada melhorava, nada. O bebê teve alta, mas Arthur não conseguia nem chegar perto dele. Era a cara da mãe. O bebê foi pra casa de Mel, que era quem estava cuidando dele. Arthur pediu licença do serviço e ficava todo dia ao lado de Lua na esperança dela acordar, ele não vivia. Sua vida era Lua, só ela e nada mais


- Com licença – era uma mulher querendo entrar no quarto de Lua

- Sim? – disse Arthur se levantando

- Sou Eva Blanco, a mãe da Lua – disse a mulher entrando na sala triste ao ver Lua

- Dona Eva, muito prazer em conhecê-la. Sou Arthur, marido da sua filha – disse Arthur apertando a mão da sogra

- Sempre tive vontade de conhecê-lo, pena que seja por esse motivo – disse Eva


- Ela vai acordar, é só uma questão de tempo – disse Arthur num tom como se ele tivesse tentando convencer a si mesmo do que havia dito.

- Eu sei que ela vai – disse Eva passando a mão pelo rosto da filha – Vou lá embaixo pegar um café, quer?

- Seria ótimo – disse Arthur sorrindo enquanto Eva saia e então Arthur se virou pra Lua

- Viu, branquinha? Sua mãe veio te visitar, quanto tempo você não a via? E eu to aqui sempre, pensando em você, seu cheiro, seu corpo – Arthur se lembrando das noites dos dois juntos, de quando ela dançara pra ele, cada movimento do seu corpo com a música... logo eliminou esse pensamento na sua mente só de pensar no corpo dela nu já ficava arrepiado e excitado.


- Você é a única que consegue me deixar louco só em pensamento – disse Arthur no ouvido de Lua rindo e se virou pra pegar um copo d’água, só que ouviu uma voz atrás dele que o deixou completamente paralisado

- Não sabia que conseguia essa façanha – ele conhecia aquela voz, mesmo sendo uma voz que estava falando baixinho e com dificuldade, aquela voz ela reconhecia a quilômetros de distancia. Era ela, a voz que ele desejava ouvir a uma mês. Tomou coragem e se virou. Ela sorria pra ele, aquele sorriso lindo que só ela sabia dar, estaria ele sonhando?

- Lua? Você está acordada mesmo? Eu estou sonhando? – ele chegava perto dela perguntando a ela

- To acordada, seu bobinho. – disse Lua sorrindo com dificuldade


- Calma, eu vou chamar um médico e você ACORDOU! – Arthur explodia de tanta felicidade

- Arthur, antes de você ir ... cadê o meu filho? – perguntou Lua esperançosa, seus olhos tinham um brilho quando falava do filho, que deixava Arthur com um pouco de inveja

- Tá na casa da Mel, ela tava cuidando dele enquanto você estava em coma – disse Arthur dando um beijo no topo da testa dela e saindo pra chamar um médico, quando Arthur voltou com o médico, Eva veio também. O médico examinou Lua e disse
- Menina, foi realmente um milagre você está viva. Estávamos perdendo as esperanças, mas você sempre nos surpreendeu. Está pronta pra outra 

- Outra não doutor, outra dessa eu não agüento! – disse Arthur e Lua não resistiu e deu uma risada

Lua passou mais dois dias no hospital em observação e pode ir pra casa, lá quem estava esperando Lua e Arthur era Mel, com Rafael nos braços.

- Arthur, meu filho é lindo – disse Lua emocionada pegando o bebê


- Igual a mãe – disse Arthur sorrindo ao ver mãe e filho em sua frente, um sentimento de culpa veio na sua mente, por ter rejeita do seu filho, na hora que ele mais precisava do pai.

- Lua, preciso te confessar uma coisa – disse Arthur triste

- O que Arthur? – perguntou Lua brincando com Rafael

- Assim que você entrou em coma, não quis mais saber do Rafael. Não quis nem olhar pra ele, eu o abandonei Lua sou um péssimo pai – disse Arthur enquanto as lágrimas desciam emocionando Lua


- Arthur, acho que se eu tivesse no seu lugar faria a mesma coisa. O importante é que estamos todos juntos agora – disse Lua limpando as lágrimas dele e sorrindo

- Obrigada, Lu. Eu te amo – disse Arthur sorrindo pra Lua e dando um selinho nela

- Quer pegar ele um pouco? – perguntou Lua oferecendo o filho

- Acho que eu não tenho muito jeito – disse Arthur com um meio sorriso

- Bobagem. Você é pai e pais sempre encontram um jeito – disse Lua sorrindo enquanto Arthur pegava Rafael, Lua olhava a cena maravilhada, ela era a mulher mais feliz do mundo.

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